Demência, carência, compaixão e amor...
Entrava há dias num local. Ou melhor, antes de entrar. Percorria um pequeno passeio em cimento e cumprimentei duas pessoas, dois senhores, um deles já perto da senilidade (deve ser a consciência com pouco domínio sobre o velho corpo, vá-se lá saber porquê). Reparei que, ao passar por ele, esboçou um sorriso e me estendeu a mão que, para minha surpresa, era mais firme do que eu pensava, fazendo face à sua condição já algo débil. Senti, dessa primeira vez, um calor que me subiu pelo braço, algo confortável, agradável. Não consegui compreender porquê. Durante alguns dias reparava na quantidade de pessoas que por ele passavam e que não cumprimentavam, nem ele, tão pouco, erguia a cabeça e o juízo perdido nas indagações de quem é velho e sabe que o é (porque há quem pense ser velho e não o é, gente que a chama, ao longe, mas ela não vem). No outro dia, mais pessoas passaram, não o cumprimentaram, mas quando eu me aproximava, ciente de que ele estaria a dormir, não estava a pensar tirar a mã...