Alambique
"Alambique", uma crónica destilada no Correio do Porto, na minha secção Crónicas do Nada. [ https://www.correiodoporto.pt/prioritario/alambique-2 ] Encostado ao ladrilhado falso de cimento armado os blocos unem-se na parede que segura os dias vazios e o frio esgueira-se por entre o telhado de zinco, sem reparar que a porta aberta convida qualquer um, inclusive a tristeza, a entrar e acolher-se ao sossego de uma madrugada fresca, agora que a Terra Quente esfria, modorrenta, à espera do Inverno. No equilíbrio ténue dos dias avançados e sobre o funil azul, os dedos bolbosos de quem nasce da terra e sabe, por inerência do destino a quem se permite viver acima dos quotidianos mundanos, que à terra o seu torrão carnal voltará, seguram o cálice sagrado que acolhe o destilado, já depois da ascensão aquecida da caldeira e a queda condensada ao longo da serpentina de arrefecimento. – Vai um copinho? Vai um copinho? – pergunta dupla, n um eco mental que reverbera sem resposta habitual,