Cinzas
“Cinzas” ou o que sobra de uma crónica Natalícia. No Canal N. Aqui . As cinzas dormem esquecidas do fulgor da noite anterior, repousadas na espessa pedra cujos pés das panelas negras fizeram as covas onde se acumulam as memórias do que não se sabe cozinhar. Por cima, o presunto defuma-se e as teias de aranha ondulam sob o peso da fuligem que o vento, aproveitando as telhas mal sobrepostas, anima. A noite de Natal, ao contrário das outras, traz consigo o barulho bater das portas do automóvel de cilindrada elevada cuja toponímia automobilística ostenta brasões de cantões difíceis de pronunciar. Depois da velha porta de madeira abrir e se ouvir o tilintar da pequena persiana que serve de coberto para a caixa de correio, ouvem-se os miúdos descerem chapinando o tempo e a chuva que se infiltra por onde quer que se olhe. A aldeia ilumina-se de alegria, não há pinheiro que resista aos cavaleiros perdidos que regressam ao lar que os viu parir. Os gorros sobre as orelhas e as felpu...