“Paternidade
“ Paternidade ”, crónica na minha secção "Crónicas do Nada", no Correio do Porto. O granito cinzento e azul escuro traça a perpendicular com o sorver do porto que escorre pachorrento, alcoolizado, pelas bermas interiores do copo e se evapora ascendendo ao céu da boca. Quando está cheio, cotovelos e antebraços sobre o frio aglomerado de minerais, a estante de vidro que serve de montra à pastelaria variada, bolos, rebuçados e sumos, ganha honras de balcão, onde a chávena pousada com diligência faz tilintar o café. Não, não é café, é outro porto. O ruído do moinho contrasta com a conversa aleatória que se mantém com quem não se conhece ou, neste caso, um monólogo de alguém que nunca conheci, mas que me dirige a palavra. Não há fio condutor e o teor ébrio do homem, simpático, não é o suficiente para me fazer embrenhar nas típicas históricas que me cativam e, normal geral, se encostam ao meu palato e, depois de as saborear à minha própria maneira, me escrevem em aglomerados de pa...