Saldo positivo
"Saldo positivo", a minha crónica no Canal N, para ler aqui . Já só se deslocava à agência bancária a custo, não pela idade que, inexoravelmente, se encostava a si com o prenúncio temporizado de um encontro com os limites da Natureza, a mesma que sempre lhe foi benéfica, na monda, na ronda e na parceria nos pastos de montanha, mas pelo cada vez mais tecnológico discurso dos funcionários. Para lá do balcão tinham ido já os que, reformados, a gosto ou a suplício, o recebiam e por entre palavras, prolongadas depois no balcão de madeira pegajosa da tasca, entre copos que deixavam impressas e imprimidas os bojões redondos por onde a vida se emborca, lá lhe preenchiam um impresso, ora no papel, ora no computador, com o barulho das teclas, tac, tac, tac, tac, a fazerem a vez dos dedos grossos e gretados a rodearem a caneta como quem coloca um cavaco na lareira. Nunca necessitara da impressão digital, agora chamavam-lhe dados biométricos, nem de comprar um telemóvel daqueles que se m...