Desaguando
"Desaguando", ou nova Crónica do Nada no Correio do Porto. Com o mesmo semblante de quando o horário atravessava uma ou duas aulas sem professores, pela inexistência ainda de portaria, na escola e no mundo, saíamos portão fora, descíamos contra a corrente da estrada nacional e mergulhávamos, inocentes, por debaixo da ponte, para construirmos pequenos lagos no rio areado, esgravatando represas imaginárias e rindo dos girinos aos quais, erradamente, chamávamos caganatos. O que aprendi na escola fi-lo sem o saber, orbitando pavilhões erraticamente, experimentando pequenas rimas mentais, escapando ao som dos futuros que se plantavam, para me saber de volta a mim quando a matemática se lembrava de espreitar o universo e encontrar-se sozinha, porque não o compreendia. Hoje as ruas percorrem-me sem que eu me aperceba ser asfalto. Paro o carro ao lado do tanque, o som das rãs e os seus pequenos olhos perscrutando e analisando a ameaça que eu lhes possa coaxar. A água brota da ...