O ceramista nas palavras em brasa
“O ceramista nas palavras em brasa”, crónica de Domingo na Bird Magazine . As brasas dormem, sussurradas pelo imaginar do que poderá ter sido uma lareira nocturna, das que espreitam por detrás de um gradeamento que policia o salto aventureiro de faúlhas e das sobras dos crepitares eufóricos quando o lume os transmuta. À volta da mesa, redonda, o pó branco e grés reúnem-se esparramados no chão, esmagados por passos dados descalços, no cimento tijoleirado são exibidas as marcas do que parecem ser bailados de fantasmas, com os seus etéreos pés, sem direcção que se apresente viável apesar de se conhecerem todos os caminhos. Na parede olham-me miríades de vidrados, cobaltos e ruborizados ornamentos sucumbiram ao vazio do calor que verga, cimenta, endeusa e apascenta. Esta vida, por vezes, faz-se de uma madrugada lenta, o eterno despertar adiado para que nunca se saiba acordado. Quando o chá arrefece e deixa pairar o aroma da terra que pariu a folhagem, sobram as palavras em cavaqueira com u...