Sem dimensão ou universo
in Bird Magazine , 27/11/2016 Porventura e por ventura, o silêncio do que falo é tudo o que consigo fazer ouvir. Lamento que o quanto de tudo que recolho na vida seja inaudito, fica a bailar nos olhos, nalguma contracção muscular que faça erguer um sorriso ou na maré que, momentaneamente, possa trazer uma ondícula salgada até onde a minha parca vista alcança. Habito-me sem me sentir em casa, habituo-me sem me fazer quotidiano, os dias rimam apenas porque tombam e se penduram na armação invisível que se ergue em redor do que escrevo. Coroam-se as palavras, porque lhes louvo a ventura e ousadia de lavrarem o espaço que separa o meu sopro dos teus campos férteis, no entanto, nem bom vento, nem bom advento provém da atmosférica fronteira que me separa do que habito e de onde moro. Calcorreio por entre estrepes aguçadas o percurso, desencantado, por não saber de cor o nome das estrelas embora me faça por estrelar a cada sorriso de uns petizes, esses, sim, que não o sabem e por isso sã...