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A mostrar mensagens de janeiro, 2014

Carlos Paredes

[12.03.2005] Vou fechar novamente os olhos, deixar que alimenta minh'alma os teus dedos fortes, que dedilham meus sonhos. Sejam as cordas que vibram e repercutem, sejam os sons negros e brancos que esmaecem, são meus os tons brandos que adormecem. Faço do teu respirar profundo meu canto de (emba)lar dos riscos grossos da caneta, (que sulco propositadamente) onde escondo de mim o mundo, saltam as sombras finas de uma alma carente. Vem até mim, devagar, o traço fino da voz muda que não me deixa acordar...
O vento sibilou, a chuva seduz, sucumbem as noites à alvorada mas o dia não esperou. Há corpos sem ninguém dentro nus, de que me vale a pele molhada se as brasas da minha fogueira apagam as palavras que salpicam, serei eu, apenas, mais uma sinapse nas memórias que para trás ficam? Dir-te-ei adeus sem ter visto o quanto de mim em nada em ti nos restos de vegetação na estrada, faço-me barco de papel e sem coragem atiro-me à torrente de inverno que invade o caminho, não se navega não se afunda quem no universo se senta e ri,  sozinho.