É a passos corridos e ritmos dedilhados que o Outono começa a cair... É sempre assim, vai o Verão no adro, mas para mim é já copo meio vazio. Não tenho palavras para o frio que me começa a moldar, vai subindo devagarinho, sem pressa, sabe que o aprecio como quem degusta um vinho, um prato requintado ou, como eu, um olhar, um sorriso. Aos poucos o arrepio dá lugar ao conforto, a um dos poucos confortos sem os quais não sei viver, o frio, o gemer do calor ao longe, fugindo para outros corpos, o frio, sempre o frio. Setembro traz-me vindimas, frio em forma de calor humano, as mãos pegajosas e o corpo suado, pernas e pés com pevides, cascas e vinho, salpicado em forma de aromas que não sei saborear. Tenho ainda, escondidos nos olhos, os fumos no ar que ascendem das fogueiras dos restos das podas, quase que consigo ver videiras que se espreguiçam, que se desprendem das mundanidades e ascendem ao céu em forma de nuvem. O fumo e o cheiro do frio que pairam de mãos dadas com os dias que mor...