Noites tresmalhadas

Tinha na visão um mar,
salgado,
com lágrimas prenhes
de gritos a sufocar.
Os braços,
pendentes no desânimo,
acompanham o cair do dia
nas sombras
que a desilusão cria
ao acordar.

As letras,
longas companheiras,
ficam mudas
respeitosamente,
não há vida que cresça
no deserto
que é um coração vazio,
nem abraços
imaginários
que mutilem a dor
e acalmem
estes vultos,
que são das noites tresmalhadas
o pastor.

Esboço
e caio a vida
numa matiz plausível,
"cor dos sonhos!"
chamam-lhe as estrelas
na esteira da Lua que sorria,
pois mesmo cansado todo este corpo
meus olhos
decidem ver sempre
a alegria.

Tresmalhadas
minhas mãos,
vazias,
voaram sobre o silêncio
e calaram a noite,
galgaram veredas
e enseadas,
para que as palavras morrentes
dedilhadas em Sol
fossem mais
que uma canção.

Talvez,
talvez o silêncio
e o sorriso que acordam
a constelação
onde nasceu,
sejam,
apenas,
um ténue farol
abandonado,
para quem de si
se perdeu...

Comentários

Deste me vontade de chorar!belo muito belo!
Anónimo disse…
LINDO O POEMA! A POESIA É FEITA DE TRAÇOS DE PENSAMENTOS DE SENTIMENTOS E EMOÇÕES DESENHADOS NOS CORAÇÕES DOS POETAS!
Luna disse…
Como me sinto no teu poema, mas temos de deixar a porta aberta para arejar a nossa vida
beijinhos

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