Abandono
As palavras abandonam-me assim como a frustração, como se morressem quando em sentimento se transforma a emoção. Uma carcaça de pão seco e um saco velho de pano, entreaberto o portal do sonho onde falo e não se levanta o eco, que faces me cumprimentam e entoam meu nome? Gostava de ser sequencial como os ponteiros doidos dos relógios de sombra, para poder sorrir quando alguém, talvez tu, me conta algo que já sei... Quantas faces que desconheço e surgem na noite num qualquer livro de endereços, quantas mãos inabitadas me seguram como se fosse, eu, fugir novamente de mim. A música que não canto e embala o sono que repercuto é o hino da doçura, que adormece e entristece um sonho nesta calçada fria e dura. E remeto umas linhas que escrevo sem respirar, não vá a lucidez surgir e de novo tudo apagar. São os quatro versos ou sopros que alentam os detractores, permite-lhes esgrimir e suas demagogias surgir para escamotear, adormecer, as suas próprias fragilidades com os seus segredos, seus m...