Ser onde não estar...

Soltaram-se, na calada da noite,
os espinhos que soluçam
e me pertencem
sem serem meus...
Estão
e não são...

O vento que me trouxe
ao encontro de ti,
caneta,
é o mesmo que deambula
como um açoite,
que baila no luar
nascente da noite,
das trevas do dia...

É o oceano do sorriso,
o toque morno de carne fria,
a canção que teima em morrer
nos lábios de quem,
ou alguém,
que não sabe ainda nascer...

As mesas que ornamentam,
ou alimentam,
as mãos que se unem
e aliam aos sorrisos,
valem mais que meros suspiros
das lágrimas que suam,
que caem
e esmaecem,
matizam as minhas,
que crescem...

A bela e o senão...
O peito e a mão...
São os anos que vindimam a idade
e a jogam,
como crianças,
para longe da memória
bem dentro das entranhas
da minha história...

Percorro-te,
talvez pela última vez,
encandeado pelo negro véu
que assola e entorpece a razão.
O amor e a dor
estão prostrados na minha fria mão.
Que não morram, também,
em lento torpor
e cândido ardor,
as vossas faces em mim
e os sorrisos que são, afinal,
as mais belas flores
do meu velho jardim...
Fim?

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