Molhou-me Agosto
no despertado mareado da manhã
a encriptada onda
na espuma alva de ontem
esbatida aos meus pés
amanhã,
molhou-me
Agosto
ao encontro do peito
turbilhado pela terra árida arada
a rebeldia da semente
escorrendo correndo
no labor em minhas mãos feito
temperado, eu, com travo de nada,
molhou-me Agosto
a tempo do cair das estrelas esbatidas no término da tarde
eis-me em terras de suor
onde o dia se expele e arde,
com mãos frias
palavras criadas na clausura do silêncio
de tudo nada tentando
à noite que se dorme
de vez em quando, de vez em quando,
molhou-me Agosto
e na placidez da urze de Inverno
onde neva a vida a meio tom
molhou-me, uma vez mais, Agosto
talvez para me fazer recordar
um dia
também eu fui bom.

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