Acabo de colorir o mundo com cor de tangerina. Vai-se o vento e cai-me aos pés, quase como quem se ensina, e prostrado ergue-me o olhar como se eu, vagueante, pudesse além do soçobrado dar do que não tenho e me mingua, como uma trave de carvalho, queimada, como a pessoa sem olhar, de silêncio queimada.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
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