Olha o reflexo do sol no vidro. As cores que dele se soltam são um pequeno arco íris de intenções, a tua visão dir-te-á que são espectros, eu chamo-lhe restos de um final de dia, com abertura para minha fantasia, é em cada cor que vivo o que não vivia. O sol desceu, o reflexo esmaeceu, sem cores de mim um outro, quem não sou eu?
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
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