Aninho-me em torno de mim mesmo, puxo o cobertor e espero que me aqueça enquanto a chuva vai caindo timidamente, uma gota aqui, outra ali. O vento traz novas de Outono, nuvens pintadas de cinzento e azul, um caderno, um uivo e um desejo realizado. Que bom o presente de ontem ser hoje passado.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
Comentários