O frio altera-se entre o vento e o sol caldo que cai no chão e me prolonga sobre cimento, pedras, terra, pelo de cão e minúsculas partículas de vida, as mesmas que nos rodeiam. Há caminho pela frente. Longas avenidas entre montanhas, lá, onde devem morar os Garrinchas deste mundo, todos os dias, Torga sabia que o Natal é quando o homem quer. E este quer. Natal. Um adro de igreja que resguarde o frio e o convide a tornar-se calor de lareira. Dá-me um pequeno mundo, de varandas sobre um caderno e, lá, deixa-me sobrar de sombra sobre velas.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
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