Não fosse pelo calor que este Sol vai brotando de todos os espectros, onde estaria eu? De mãos secas e olhos húmidos se vai percorrendo os corredores, por vezes frios, onde abundam portas semicerradas, abertas?, com faces semi vivas lá dentro. De quanto valor necessita a vida para ser vivida? E a frustração, será ela o troco a tudo o que se dá? Os pneus vão martelando ruído no asfalto, enquanto uma música sem conteúdo se atira abaixo da instalação sonora e se estatela nos meus ouvidos tapados. Palpita-me o coração, talvez a vida, talvez de sina, também ele cansado de bombear fluídos e receber, não fosse pelo calor, um salário com pouco verde e alguma dor.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
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