Não chegaste a completar um parágrafo, apenas uma pausa breve como uma vírgula e tão prolongada como uma reticência infinita. Talvez por isso, sem saber bem como te escrever, me sinta impelido a procurar nos olhos de outros como tu, as palavras avulsas que se aglomerem em frases. No entanto, parece-me, do pouco que vislumbro ou compreendo, que não te escrevo porque as palavras utilizam letras, grafias estranhas, cuja imaginação constrói unindo imaginariamente as estrelas do céu.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
Comentários