Fazem-me companhia as sombras,
gosto de as ver entaiparem o que sobra de um dia,
não se esquivam as esquinas rombas
ou o pedaço de chuva que ornamenta esta galeria.
Ouço os rumores do fim de um dia de trabalho,
recortes, avulsos, farrapos, gente,
naipes de uma só cor que parto e baralho,
uma janela que traz um calor abafado,
este vazio prenhe de uma voz demente.
Prefiro, sim, as sombras,
um eco que se estende ao tecto da gare,
a surpresa de um fim de tarde chuvoso
e as nuvens opacas que a noite vai parindo
entre o alvoraçado de um sol nervoso
e a lua que iço, 
sorrindo.

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