Acabaram-se
os ferros forjados
e a vegetação rasteira que se agarrava aos meus passos,
longínqua a voz de um passado
ou um abraço,
porque são já poucas as histórias que repousam no meu regaço.
Longe, bem longe,
amanhã talvez onde estou agora,
pela tarde que já é tarde
as palavras que espasmo
e se vão, cabisbaixas, embora.
A direcção parece-me turva,
o Sol põe-se no meu retrovisor
sem olvidar que todo o ocado precede dor,
e toda a recta termina em curva.
Ouço os risos
e os medos
e todos os sons que flutuam como cinzas,
o meu corpo não tem rugas, tem frisos por onde escoaram incógnitos
uma mão cheia de poemas e segredos.
Onde me leva a vida
eu que a sei não existir,
que passos nestas ruas sem nome
que vultos nestes corpos sem fome
é do mundo que me separo
e do seu ego avaro
retornando à casa que me viu nascer
eu, ironicamente, que me sei nunca morrer.

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