Gostava que o atravessado de um arame pelas folhas de uma videira trespasse também, em mim, a vontade de ser bago, deixar-me pintar pelo tempo, sem que suassem em mim sombras de dias que se vivem apenas ao anoitecer. Louve-se o céu transmontano, que me deixa mais perto de ser estrela.
Guardo o olhar que choveste, deixo as nuvens florirem nos pastos faustos do destino, tacteio mãos e escuridões em busca de um dorso com outras mãos. Curvam-se as curvas da estrada e as margens que me separam da madrugada. Empobrece-me o nada à sombra e resguardo da minha alçada, no noctívago sentimento de aguardar, à candeia ténue da Lua, o suspiro inaudível da vida no meu peito a ancorar...
Comentários