E correram, com medo de morrerem, sem perceberem que estavam mortos, condenados desde cedo, por uns longos fios de quem os manietava, sorvendo como quem respira a necessidade que lhe faziam necessitar, corroendo almas e dias com a vida dos outros, olhando e não vendo, agarrando-se à sombra de um sistema que nunca se preocupou em educar, fazer crescer, ensinando a viver apenas por viver, apenas para ser. Por isso, quando chegou o fim, era apenas o esforço de outros, que devagar abriam a porta do contentor sujo e conspurcado e deixavam entrar a luz do dia, descolando das paredes frágeis paisagens que pensavam serem janelas, e recolhiam do chão as assustadas, selvagens, malévolas, frígidas e frágeis crias que somos.

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