Lentamente, sem que te apercebas, colocam-te a corda, laça, vão puxando, cada vez mais, sempre devagar, para que não fujas, lentamente, até começar, gradualmente, a tirar-te a respiração, mas tu habituas-te, respiras menos, devagar, até novo puxão, menos ar, mais sangue e, um dia, quando pensares que não podes respirar menos e mais devagar, eles aproximar-se-ão de ti, com um sorriso acima do seu pescoço engravatado numa boca conspurcada, e quando pensas que te vão abraçar eles, simplesmente, do alto do seu sorriso sarcástico, chutam o banco que tens debaixo dos pés e morres, enforcado, para que eles possam tirar a corda, lavar e usar novamente noutros, daqui a anos ou séculos, que o tempo pouco passa para os déspotas.

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