Vidas atadas

De vidas atadas se faz um silêncio,
de silêncios sulcados se ara um povo,
as pedras com que os lapidam
têm nome de gente,
vozes surdas que se atiçam,
num velho Sol que nasce, de novo.
Leiloem-se mãos,
cegas ocultam um céu igual
às noites caladas,
onde por elas navegaram os chãos,
roubados,
sobram agora vários farrapos de nada,
afundados,
por mar de gente
que se faz lodaçal.
Os amanheceres prometidos,
as nesgas de um tudo
nos vários pedaços de nada,
estão minhas mãos desfolhadas e cegas
abraçando mil corpos despidos.
Escuto o vosso horizonte mudo
na escuridão que se ajoelha e reza,
para ser o amortalhado
calado
povo
que vossa ganância despreza.

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