Inocência: o final dos frutos



















(fotografia de Norberto Valério)
Despida do mundo,

trajo apenas searas
e foices alheias,

em bailados de sons dourados
com filigranas de colcheias.

Rendo-me ao vento que silvou
na despedida, nua,
entre o céu que me perfilhou
galgou-me a terra em semente,
sem Sol,
sem Lua.


Padece do tempo meu destino
final dos frutos,
porque a fragilidade das raízes
não brota desta tumefacta pele crua,
mas da gadanha cega e rombuda
que dança em mão inocente,
quão inocente é a culpa
tua...

Comentários

Anónimo disse…
De volta e deixando um beijo cantarolando a amizade,aqui está a tibéu a fazer uma visita. bj
Até breve
José Lopes disse…
O ciclo da natureza nem sempre significa a morte, mas apenas uma fase que se repete ao sabor das estações.
Cumps
Silvia Madureira disse…
Olá:

Gostei muito do das primeiras cinco frases...(não me lembro do nome técnico).
Ao ler consigo sentir paz. Quem lê não encontra um mundo como aquele a que assistimos no telejornal ou que nos assalta todos os dias...
Esta frase "trajo apenas searas" remete-me para o que eu gostaria...trazer em mim apenas o que é bonito e não ter que carregar por vezes o peso do mundo.

"Padece do tempo meu destino"...outra frase que me apelou a estar atenta...
Tudo aquilo que está à nossa volta, as transformações sofridas...são os grandes promotores das nossas mudanças interiores...penso que, nos devemos concentrar cada vez mais nas pequenas, grandes coisas que crescem inocentemente no mundo, que dão colorido aos dias e que a maioria das vezes são relegadas...

beijinhos
Sofia disse…
Tu tens, sem dúvida alguma, o dom da escrita...

Todos nós nascemos com um dom, mas nem todos o conseguem encontrar... tu conseguiste.

Bjs
vieira calado disse…
Ando a passar de fugida, comentando num bar.
Deixo-lhe um abraço.
Deusa Odoyá disse…
Olá.
Passei para lhe desjar uma semana com muita paz e amor em seu coração.
Gostei e voltarei mais vezes aqui.
Sua nova amiga.

Regina Coeli.

Te aguardo em meu cantinho..

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