Desertos por escrever

Despertam-me
os vivos e a chuva.
O latejar ardente de cansaço eclodido
repousa arfando
na tua mão,
o peso morto e mirrado
que habita no teu peito
não é pedra,
é coração.

Profetizo as palavras
na pausa de um suspiro,
quando à vida as vidas viro
percorrem tempos e alentos
os momentos angulares,
julgando serem infinitos
são apenas da noite,
esgares.

Tenho-te no centro do que não sou,
augúrios e angustias
e desertos por escrever,
ouço badalos nas montanhas
dos meus olhos a percorrer,
será ali que estou?

Os medos afugentam nuvens
e pessoas,
dilaceram pastos
bastos,
cerro os dias e sorrio
enquanto semeiam temor
e um amanhecer atiçado.
Eu não sou pastor,
sou cajado...

Comentários

José Lopes disse…
Deserto por escrever, nota-se, porque fomos brindados com um belo poema. Nota-se que a enxaqueca já passou, e a inspiração está de volta.
Cumps
vieira calado disse…
Tenho-te no centro do que não sou...
Diz tudo. O amor sempre nos conduz a alma.
Cumprimentos
Anónimo disse…
Desertos... de areia, de palavras, de mar, de céu...
Um deserto tem sempre tanta Vida!
Bjs de Luz*

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