Tanto o que queria...

Tanto o que queria...
Queria estar convosco sem pensar na despedida,
saborear cada toque
e olhar
com amizade,
amor,
sem render a minha mão à saudade.

Queria que todos poemas fossem música,
melodias que ouvissem
e palpassem de olhos fechados,
tocados por mãos invisíveis
que em teclas
incolores
bailam sensíveis.

Queria que não acabassem,
que fossem mais uma rima
no poema
da minha vida...

Há quanto tempo vos espero,
quanta vida me tocou
e voou
porque eu vos aguardava,
quantos anos e sonhos
ou desencontros
com o futuro
eu deixei que me mordessem,
quantos...

Queria esses olhares vagos apenas para mim,
as vossas mãos
os sorrisos,
esses braços abertos
que se estendem para lá do fim,
como queria...

Queria ver além do amanhã,
virar a página
do bailar na multidão,
sentar-me no chão
e chamar por ti, irmã,
irmão...

Queria que não terminasse este poema,
não voltasse à vida
efémera e fugaz,
sequência de pleonasmos,
não fosse sequiosa devoradora de sonhos
e dias,
ensombrada apenas por melodias
que teimam em chamar-me,
aos soluços,
do lado de lá da vida...

Do lado de lá da redoma
onde vos conheço como ninguém,
onde a tristeza nos abandona,
onde eu e tu,
todos nós,
somos muito mais que alguém...

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